Candomblé Jeje, é o candomblé que cultua os Voduns do Reino de Dahomey levados para o Brasil pelos africanos escravizados em várias regiões da África Ocidental e África Central. Essas divindades são da rica, complexa e elevada Mitologia Fon. Os vários grupos étnicos - como fon, ewe, fanti,ashanti, mina - ao chegarem no Brasil, eram chamados djedje (do yoruba ajeji, 'estrangeiro, estranho'), designação que os yoruba, no Dahomé atribuíam aos povos vizinhos,Introduziram o seu culto em Salvador, Cachoeira de São Félix, na Bahia, em São Luís, no Maranhão, e, posteriormente, em vários outros estados do Brasil.
A palavra
djedje (jeje) recebeu uma conotação pejorativa, como “inimigo”, por parte dos povos conquistados pelos reis de
Dahomey. Quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!” ("Olhem, os jejes estão chegando!).
Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como
escravos, aqueles que já estavam aqui reconheceram o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim ficou conhecido o culto dos
Voduns no Brasil ou
Nação JejeBahia
Dentre os daomeanos escravizados, uma mulher chamada
Ludovina Pessoa, natural da cidade
Mahi [pron.
marri], foi escolhida pelos
Voduns para fundar três templos na
Bahia. Ela fundou:
O templo de
Ajunsun-Sakpata foi criado mais tarde pela africana
Gaiaku Satu, em
salvador e recebeu o nome mais conhecido por
Cacunda de Yayá, que tem como sua representante a
iyalorixá Maria de Lourdes Buana (Iyá Ominibu Kafae foobá), filha de
Mãe Tança de Nanã (Jaoci), que era filha de
Gaiaku Satu.A Cacunda de YáYá funcionou muitos anos no bairro da "Sussuarana" em Salvador, onde tiveram que se deslocar do lugar original pela construção da rodovia, onde foram indenizados pelo governo baiano, e foram se instalar na parte mais alta do terreno, que dizem ser tão grande que não sabiam a dimensão exata, tinha mata, fontes, riachos, tudo no terreno da Cacunda.
Dona Lourdes, tem roça em Salvador, no Bairro Cabrito, e também em
Nilópolis, no
Rio de Janeiro, funcionando com toda a força, apesar de seus quase 80 anos, e marcando sua tradição no
Kwe Foobá, com diversos descendentes do
Jeje Savalu.
São os Jeje Savalu ou Savaluno. Sakpata era rei da cidade de
Savalu na
África, segundo alguns historiadores, e foi o único
rei que preferiu o
exílio a se render aos conquistadores do
Daomé. O dialeto dos savalus também é o
Fon.
Na Rua do
Curuzu, no bairro da Liberdade, em Salvador, Amilton de Sogbo segue a luta pela preservação da tradição do Jeje Savalu, na condição de Doté, à frente do Kwe Vodun Zo (Templo do Vodun/Espírito do Fogo). Amilton é descendente espiritual da Cacunda de Yayá, onde teve o seu nascimento para zelar do
Panteão Savaluno, pelas mãos de Jaoci Mãe Tança de Nanã.
Maranhão
Voduns
Os
Voduns no Jeje são basicamente os da Mitologia Ewe e Fon.
Dangbé,O Dangbé é a serpente sagrada que representa o espírito de Vodum Dan. Lissá, que é masculino, e também co-responsável pela Criação. Loko, É o primogênito dos voduns.dono da joia de mahi que e o rungbe Gu, Vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia. Heviossô, Vodun que comanda os raios e relâmpagos. Dan, Vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris. Agué, Vodun da caça e protetor das florestas. Agbê, Vodun dono dos mares. Ayizan, Vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados. Aguê, Vodun que representa a terra firme. Legba, O caçula de Mawu e Lissá, e representa as entradas e saídas e a sexualidade. Aziri , vodun das águas doces. Possun , vodun do po e da terra seca representado pelo tigre. Nanã, Vodun considera por todos os adeptos do Culto Vodun como a grande Mãe Universal. Texto: Wikipédia.
As Kuras que são feitas durante a iniciação
As Kuras são incisões feitas no corpo do iniciado, que por um lado representam o símbolo de cada tribo, como o símbolo de cada Ilê (casa ou terreiro), mas têm o objectivo de fechar o corpo do iniciado, protegendo-o de todo o tipo de influência negativa.
Para isso são feitas as incisões (o que chamamos de abrir) e nessas incisões é colocado o Atim (pó) de defesa para aquele iniciado. O Atim tem uma composição base de diversas plantas e substâncias, mas o Atim utilizado para as Kuras, contêm também as ervas do Orixá daquele filho de santo em quem ele vai ser aplicado.
Sabemos que em algumas casas a Kura pode também ser tomada como infusão de ervas, porém na maioria das Casas de Candomblé, as Kuras, que são de origem Africana, são feitas como incisões ou cortes, e nesse cortes são colocados pequenos punhados de Atim, para que esse Atim penetre no corpo e o proteja de males exteriores enviados contra a pessoa.
Normalmente, as Kuras são feitas no peito, dos dois lados, nas costas, também dos dois lados e nos braços; evitando assim que de frente, de costas ou no manuseio de qualquer coisa algo negativo possa entrar no corpo.
Além dessas, na feitura do Santo, abre-se também o Farim, que é uma Kura no centro do Orí, que por um lado impede também que algo de mal possa entrar na cabeça do iniciado, mas que facilita também a ligação com o seu Vodum.
Nanã
Nanã Buruku ou Buku é considerada a mais antiga das divindades. Muito cultuada na África em regiões como: Daça Zumê, Abomey, Dumê, Cheti, Bodé, Lubá, Banté, Djabalá, Pesi e muitas outras regiões.
Para os fons e ewes, a palavra Nanã ou Nàná é empregada para se chamar de mãe as mulheres idosas e respeitáveis, ou seja, a palavra Nanã significa: "Respeitável Senhora".
Nanã está associada à terra, à água e à lama. Os pântanos e as águas lodosas são o seu domínio.
Como relatei no começo, é a mais antiga das divindades, pois representa a memória ancestral. Mãe de Loko ou Irokô, Omolu e Oxumare ou Bessém na dinastia Fon, Nanã está ligada ao mistério da vida e da morte. É a senhora da sabedoria, mais velha que o ferro. Daí, não usar lâminas em seu culto
Bessém
O culto à serpente remonta desde o início dos séculos. Os romanos e os gregos já prestavam culto à cobra, sendo os povos que mais difundiram em séculos passados este culto.
No Egito, a serpente era venerada e encarregada de proteger locais e moradias. Cleópatra era uma sacerdotisa do culto à serpente. Todos os seus pertences e adornos eram em formatos de cobras e similares. Este culto correu através do Rio Nilo as diversas regiões africanas.
No Antigo Dahomé, este culto se intensificou e lá Dan, como é chamada a Serpente Sagrada, transformou-se no maior símbolo de culto daquele povo, também sendo chamado pelo nome de vodun-becém. Já os yorubás chamaram esta mesma entidade de Oxumare ou a Cobra Arco-íris; e os negros Bantos, de Angôro.
Na verdade, aí falamos de uma só divindade com vários nomes dependendo da região em que é cultuada.
Mas, Oxumare, como é mais popularmente conhecido no Brasil, é o Orixá que determina o movimento contínuo, simbolizado pela serpente que morde a própria cauda e enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desgovernar. Se Oxumare perder-se a força, a Terra vagaria solta pelo espaço em uma rota a seguir, sendo o fim do nosso Planeta.
É o orixá da riqueza, um dos benefícios mais apreciados não só pelos yorubás como por todos os povos da terra.
A nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido a falta de informações. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil. Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens e levantar a bandeira da nação. Hoje, graças a essas pessoas, a nação Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, encontramos kwes e pessoas que realmente sabem oCulto dos Voduns, esses aprenderam na “própria carne” a passar seus conhecimentos e não deixar que nossa nação venha a sofrer novos abalos ou quedas.
A gradeço a todos pela leitura.
Pai Ogan Flávio D`Oxalá